Foi publicada na Portal Exame, a entrevista do Sr Niall Ferguson, professor de Harvard e Oxford, sobre o problema do endividamento do governo americano.
Ele chama a atenção para o fato de que o grande déficit americano ter sido financiado, nos últimos anos, pelas exportações chinesas. Ou seja, o Banco Popular da China utiliza boa parte dos dólares obtidos pelos exportadores chineses para comprar títulos da dívida americana. Com a retração da economia global, a China irá exportar menos e, embora continue a comprar títulos americanos, o fará em menor quantidade.
Ele observa ainda que o Fed por sua vez está emitindo dinheiro para fazer frente à crise, o que indica um cenário inflacionário adiante. Esse cenário, aliado ao alto índice de déficit poderá gerar uma mudança de comportamento dos investidores que não estarão mais dispostos a manter esses títulos em sua carteira, e nesse momento poderá haver uma corrida de vendas de títulos americanos. Ele alerta que isso poderá ocorrer já no final de 2009, ou início de 2010.
Se isso ocorrer, poderá ser mais desastroso do que a crise bancária que vivenciamos no ano passado. Alguém pode imaginar o ativo que é considerado como padrão de “risk-free” do mundo tendo a sua credibilidade abalada? Isso significaria que empresas e pessoas que investiram em títulos da dívida americana esperando uma rentabilidade fixa, perderiam parte dos seus recursos, o que levaria a uma nova crise de liquidez no mundo e que fatalmente levaria a uma recessão global.
No Brasil estariam mais vulneráveis a essa situação os setores dependentes do comércio exterior. É bom que elas estejam preparadas (com caixa) para suportar essa nova fase, caso ocorra. Porém, todos os setores deverão ser afetados se essa bolha estourar.
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